terça-feira, 20 de setembro de 2016

O que é o Eneagrama




O Eneagrama, na forma como é conhecido hoje, é um sistema holístico, de base psicanalítica e psicológica, que descreve e classifica profundamente 9 tipos de personalidades na forma de padrões de comportamento ou "esquemas", identificando uma série de características, a maioria inconscientes, como motivações básicas, medos, vícios emocionais, desejos, padrões cognitivos, mecanismos de defesa, ganhos secundários, atitudes autossabotadoras, autoimagem, foco e atenção,"criança interior", potencialidades, deficiências, estilo de comunicação, estilo de liderança, pontos cegos, propósito de vida, instintos e, finalmente, identifica nossas virtudes e a essência, nossa verdadeira natureza, nosso "eu verdadeiro". O arcabouço teórico foi desenvolvido pelo psiquiatra chileno Cláudio Naranjo no final dos anos 60, tendo sido aprimorado e enriquecido ao longo de décadas por vários estudiosos de diversas linhas psicoterápicas, além de coaches e entusiastas da sua eficácia e aplicação prática. O Eneagrama não é um conceito estático, ele vai se expandindo, se transformando e aprofundando na medida em que é explorado e trabalhado, além de ser muito integrativo uma vez que incorpora várias escolas de pensamentos, técnicas, filosofias e abordagens terapêuticas.

O Eneagrama expõe a nossa desconexão com a própria essência, com o nosso eu verdadeiro, sendo uma ferramenta poderosíssima para nos ajudar nessa reconexão, além de despertar nossa autoconsciência, nos ajudar a sair do piloto automático, do sonambulismo existencial e nos livrar das amarras do ego. O Eneagrama se encaixa e pode ser trabalhado em praticamente qualquer situação ou circunstâncias como em empresas, política, governo, sociologia, filosofia, desenvolvimento pessoal, psicoterapia, coaching, educação, saúde, família, relacionamentos, esportes, comunicação, entretenimento, artes, música.

O Eneagrama não nos rotula nem nos coloca numa caixinha, pelo contrário, ele mostra em que caixa estamos e, principalmente, como sair dela.




Cláudio Naranjo criou um grupo de estudo chamado SAT (Seekers After Truth) na universidade de Berkeley, na Califórnia, USA, sobre auto-conhecimento e desenvolvimento da consciência através do qual ele apresentou o Eneagrama, cujo conceito lhe fora passado pelo  filósofo boliviano Oscar Ichazo. Soube-se então que a origem do Eneagrama remonta há milhares de anos na antiga Babilônia, Mesopotâmia e Suméria e que foi passado ao longo de séculos através da "tradição oral" em estudos filosóficos e metafísicos.


Até o século IX, o filósofo armênio George Gurdjieff  usava o Eneagrama e o fazia mediante uma série de atividades e práticas holísticas, integrativas e multidisciplinares como a música, dança, encenações e grupos de estudo, com o propósito de promover o aumento da consciência e a morte da personalidade, provocando o que ele chamava de "desidentificação"com os padrões e vícios do ego.

Com Gurdjieff, o Eneagrama tinha uma concepção mais mística, filosófica e se restringia a pequenos grupos. Foi através de Naranjo que o conceito psicológico, estruturado nos 9 tipos, foi desenvolvido e difundido, inclusive no meio acadêmico e científico, através de diversos grupos de estudos nas universidades do Chile,  Berkeley e Stanford nos Estados Unidos.

A partir dos anos 70, os discípulos do Dr. Naranjo (psicanalistas, psicólogos, coaches, terapeutas holísticos e aficionados pelo autoconhecimento e desenvolvimento humano) começaram a difundir inúmeras palestras, workshops, cursos, livros, treinamentos e transformaram essa ferramenta no que ela é hoje. Os principais expoentes no ensino e divulgação do conhecimento do Eneagrama no mundo são a psicóloga e psicoterapeuta americana Helen Palmer, o psiquiatra David Daniel, os autores Don Riso e Russ Hudson, além do próprio Cláudio Naranjo que virou uma referência para todos.

No Brasil temos o Khristian PaterhanUrânio Paes, o padre Domingos Cunha e a Racily como referências.

Helen Palmer foi uma das alunas de Claudio Naranjo e se tornou uma das mais influentes escritoras e palestrantes do Eneagrama. Seu método de ensino e treinamento chama-se "tradição narrativa" (traduzido literalmente do termo em inglês) ou narrativa tradicional (livre tradução)" onde ela facilita as pessoas a identificarem seus próprios tipos dentre os nove, separa-os em grupos por tipo e incentiva cada um a compartilhar suas experiências, desafios, vantagens e desvantagens de ter incorporado o determinado tipo. Com isso, os componentes dos grupos vão percebendo que, embora nunca tenham se visto anteriormente e aparentemente não tenham nada em comum, apresentam incríveis semelhanças na forma de sentir, pensar e se comportar. Esse enfoque também ajuda e instrui os demais tipos a conhecerem mais profundamente as características de cada perfil. A partir de então as pessoas  são apresentadas ao Eneagrama de forma ainda mais profunda, terapêutica e transformadora.

Para os 9 tipos de padrões de personalidade há várias denominações que resumem suas principais características dependendo do autor e da sua formação ou "escola" no Eneagrama, mas, em geral, podemos elencá-los da seguinte maneira:

 Tipo 1 - O Perfeccionista                                    
 Tipo 2 - O Prestativo                                                                                               
 Tipo 3 - O Bem sucedido 
 Tipo 4 - O Individualista                                                                                                                
 Tipo 5 - O Observador                                                                                              
 Tipo 6 - O Desconfiado                                                                                                                    
 Tipo 7 - O Entusiasta                                                                                                          
 Tipo 8 - O Protetor                                                                                                                          
 Tipo 9 - O Pacifista
                                                             
                                         

                       
             
Pelo conceito do Eneagrama, o ser humano adota nos primeiros anos de vida um desses 9 padrões de personalidade ou "esquemas", como refúgio psicológico, uma estratégia de sobrevivência criada através de mecanismos de defesa do ego visando lidar com o mundo exterior (pai, mãe, família), lidar com frustrações, abusos e feridas emocionais e, principalmente, para ter suas necessidades emocionais básicas atendidas. Acontece que esses padrões de comportamento, que de certo modo funcionaram na infância, são essencialmente mal adaptativos na vida adulta, criando uma espécie de filtro que limita nossa visão de mundo e distorce nossa interpretação da realidade objetiva. Vivemos, portanto, num sonambulismo existencial, num sono hipnótico
imposto pelo ego.

Com efeito, dizemos que nossas personalidades são respostas às frustrações e necessidades emocionais não atendidas na infância que se estruturam e sedimentaram. Essas 9 máscaras encobrem a nossa verdadeira essência, o nosso"eu verdadeiro" e essa condição é a raiz de todo sofrimento psíquico, existencial e emocional. A partir do momento em que você conhece sua "máscara"e conhece seu mecanismo de funcionamento, suas artimanhas, vicissitudes, medos e motivações subjacentes, ocorre um "descolamento" dessa máscara, uma perda gradual da identificação com ela, facilitando a essência, ou a sua melhor versão, finalmente se libertar das amarras do ego, possibilitando uma expansão da consciência, maior equilíbrio e aumento considerável da inteligência emocional. O Eneagrama proporciona tudo isso mostrando os caminhos para essa libertação, crescimento e desenvolvimento, nos direcionando para o "retorno para casa" (essência) de onde nunca deveríamos ter saído e, pior ainda, nos distanciado.




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